Utilização pode causar complicações locais, como necrose, infecção e sepse
Uma pesquisa realizada no Brasil apontou que a procura por procedimentos estéticos cresceu 58% durante a pandemia. Com este aumento, no entanto, um alerta foi aceso: a importância da utilização de produtos regulamentados e a aplicação por profissionais devidamente capacitados e especializados nas técnicas. Isso porque, de acordo com a médica especialista em procedimentos faciais Carol Berger, de Florianópolis, o uso de materiais impróprios oferece riscos à vida dos pacientes.
Recentemente, uma cirurgiã-dentista gaúcha foi presa em flagrante por utilizar um produto chamado Israderm, uma versão “fake” da toxina botulínica, que é proibida no Brasil. A doutora Carol Berger lembra que todos os produtos de uso injetável utilizados no país precisam passar por um processo de regulamentação realizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que avalia rigorosamente a procedência, os componentes da fórmula e verifica os estudos clínicos de eficácia e segurança. “Usar uma substância que não tem comprovação de segurança pode ser muito perigoso. Os injetáveis não regulamentados, como esta toxina botulínica, por exemplo, oferecem risco de complicações locais, como necrose, infecção e até reações sistêmicas graves como alergia, anafilaxia e sepse, também conhecida como infecção generalizada”, explica.
Médicos são os profissionais mais indicados para procedimentos faciais
Durante os seis anos que o médico cursa Medicina, estuda anatomia, fisiologia, técnica cirúrgica e manejos de emergências. Nas especializações, os estudos se estendem por mais dois a cinco anos, o que os valida como os profissionais mais indicados para procedimentos faciais. “Qualquer profissional que realize procedimentos invasivos, como é o caso dos injetáveis, deve estar ciente das possíveis complicações que, invariavelmente, são intrínsecas aos procedimentos, mas precisam, principalmente, saber como lidar frente a complicações”, explica a médica, cirurgiã geral, pós-graduada em Dermatologia e especialista em injetáveis.
Embora sejam pequenas as chances, todo procedimento, mesmo que realizado de forma adequada, tem algum risco de complicação. A doutora Carol Berger destaca que na aplicação da toxina botulínica, por exemplo, que paralisa a musculatura para atenuar as rugas, a injeção em quantidade errada, local e profundidade inadequados, ou até mesmo associada a outros procedimentos, pode causar paralisia de músculos indesejados, levando à queda das sobrancelhas ou do sorriso, podendo prejudicar, inclusive, a fala e alimentação do paciente. “Por isso o profissional, além de ter habilidade técnica, precisa saber identificar e tratar possíveis complicações. Os médicos são, sem sombra de dúvidas, os mais indicados para isto”, acrescenta.
Alerta aos pacientes
A catarinense complementa que este crescimento na procura também causou uma certa “banalização”. De acordo com ela, na maioria das vezes os pacientes não são comunicados dos possíveis riscos.
Além disso, a especialista afirma que os pacientes que buscam procedimentos estéticos precisam estar atentos a alguns pontos: um tratamento muito barato, por exemplo, deve gerar desconfiança, afinal todas as substâncias são importadas. “O material utilizado tem um custo alto para o profissional e, consequentemente, para o paciente. Então quando os valores são muito baixos e diferentes dos outros profissionais, é preciso desconfiar. Se o paciente desejar, também pode consultar no site da Anvisa quais os produtos regulamentados. Entretanto, preciso destacar que isso é uma responsabilidade do profissional que utiliza as substâncias. Aplicar produtos não regulamentados, vencidos ou inadequadamente armazenados é crime”, alerta Carol.